Páginas

sábado, 17 de setembro de 2016

Trouxa ( Sobre dar valor a quem não te ama)



   Você fez eu me sentir infeliz. E me perguntei muitas vezes se (quem sabe?) EU não era o problema. Talvez, se eu fosse o que você quer, você corresse atrás pra me garantir. Talvez você arquitetasse as conversas na tentativa de ser uma pessoa legal, pra me fazer gostar de você. Sei lá, sempre fiz isso quando me importava. Mas não aceitei que hoje os lances são carnais e a verdade é que você não dá a mínima pra como eu estou, ou - pior ainda - não se importa com o que eu penso.
  Gostaria de encher a boca e te contar o quanto você tem sido trouxa, mas a trouxa fui eu. Desde o começo você era assim. Quando te perguntei porque, você se escondeu atrás de uma falsa timidez. E eu, fui eu que construí uma imagem sua que nunca existiu. Trouxa duas vezes. Trouxa conformada.
  Eu sempre tive um talento danado pra enxergar qualidades. Sou tão boa nisso que enxergo até onde elas não existem. Mas é impressionante como nos deixamos enganar por um parzinho de olhos inocentes e um pouco de carência. Te imaginei perfeito pra mim, relevei os seus defeitos logo de cara, porque eu quis evidenciar o seu melhor lado.
  Mas não cara, nada. Foram acabando os meus adjetivos que vinham aos montes quando via seu nome da minha tela de celular. Foram. Todos. Embora.
  E a pior parte é saber que fui cega a ponto de me esforçar por você. Você, que nunca fez o mínimo pra garantir seu espaço. Você, que nem sabe meu sobrenome. Você, que sai todo fim de semana e nem pensa em me convidar. É de rir mesmo. Você, que não merece todo o carinho e o cuidado que eu cultivei em mim. E poderiam ser seus mas ainda bem que não foram.
  Acho que, na moral, qualquer um saberia que o trouxa foi você. Mas é inevitável: você me deu papel. E é sempre esse o papel que ganhamos quando fechamos os olhos para a realidade. Vou te falar sem medo: Estou indo. Estou trocando meu alvo de amor. E juro que da próxima vez vou fechar os olhos, pra não ser tão cega, vou prestar atenção nas ações.
 Estou me libertando e deixando o seu cenário pra trás. Estou indo viver na minha cidade grande e velha. Você me perdeu, e é bom que você saiba disso antes que comece a procurar pelas ruas empoeiradas pelas quais eu te segui.
  Nunca mais, querido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário