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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Poderíamos ( mas não podemos)

Poderíamos ser lindos.
E é isso que me mata.
Poderíamos, mas não podemos, porque você só consegue olhar pra si mesmo. E eu aqui, tão ingênua, querendo insanamente alguém que me atravesse só com o olhar, mas você não pode.
Quem te fez assim?
Quem não te disse que as pessoas valem tanto quanto você?
Quem te disse que todo mundo é igual?
Foi você que se fez assim?
Eu tentaria aceitar, se fosse você, que dá pra ser muito mais completo se você busca pedaços em volta. E brinca de montar, de colorir, e aprende, com cada estranho na rua, que somos todos iguais. Somos todos uma energia bagunçada, com alguns furos e algumas cicatrizes - quase como buracos de minhoca. E a gente espera que esses buracos fechem, que tudo se organize.
Sabe?
Poderíamos ser lindos.
Mas você nem vai perceber isso antes que eu diga adeus.
Tô na minha enquanto você pisa em ovos, já sabendo que estou indo em direção a porta e que essa é a última vez que ameaço ir embora. Dessa vez eu tô indo, e é de verdade.
E vou, pise você em ovos ou em ferro em brasa.
E você nem vai tentar impedir. Poderíamos ser lindos, mas só tenho essa história interminada pra lembrar.
É por isso que poderíamos. Mas não, não podemos.

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