Fica!

Um amor vai curando o outro até que a gente encontra um que não fere e não machuca... Mentira! Para pra pensar o tanto que doeu o último, você saiu sem rumo e com muita dor, ouviu a clássica: Isso também passará! Que passa a gente sabe, mas a dor foi só sua até passar, imensurável e sem prazo de validade.

Lá estava você tentando viver bem com a carga psíquica de quem passou por um desamor. Aí ela apareceu; mulher e a misteriosa maneira de surgir. Foi rindo que te disse sem mover os lábios: cheguei para te amar. Me chama de remédio ou passatempo, mas me deixa ficar... Cara, que merda! Ela parece não perceber que não é uma boa hora, pelo menos para você. Ela tem alma leve, quem a olha acha que nunca sofreu... outra inverdade. Ela ignora suas evasivas, seu medo no olhar, te toca como quem já te tem, te cuida com a certeza de possuir esse direito. E tem aquela voz que não é doce nem irritante, é somente a sua voz, e você reconhece mesmo a quilômetros de distancia. Cretina, nem sabe o bem que escutar essa voz lhe traz.

E você, incrédulo, se pergunta: Por que agora meu Deus? Por que ela não volta quando minha apatia para o amor voltar, quando o último para sempre que se desfez se tornar lembrança. Pensa bem, analisa as variáveis: se for tão esperto quanto ela acredita que seja vai entender a lógica da menina com pressa de amar... Ela só fez o que você não foi capaz, e ainda se arriscou. Sim, ela sabe que sua alma não está pra chamego. Você não acreditaria, mas a alma dela também não está em pleno verão. É arriscado, perigoso e talvez até imprudente amar de novo, antes dos remédios naturais pra dor de cotovelo fazerem efeito. Mas, amigo, amar é uma dádiva, e se alguém já lhe deu a mão, sorriu e pediu pra ficar, mesmo consciente do seu péssimo estado, e isto tem lhe tirado o sono, seja honesto com você e peça, talvez baixinho para sua alma desiludida não gritar de medo: FICA!

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