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segunda-feira, 28 de março de 2016

Flores de papel

Foto de Rúbia Tusthle


Você me oferece flores de papel imaginando que acredito em você. Mas, a essa altura, eu sou mais feita de papel do que suas flores. Sou fina, fria, mas já fui escrita. Fui amassada e remodelada, mas não sua. Posso estar em qualquer jardim (ou em todos eles), menos no seu.
No momento em que você me rasgou eu voei, fui pra longe. Floresci em outros cantos e agora estou em novos tempos.
Não me dói mais te ver, nem dá saudade daqueles tempos em que você me segurava pelas raízes - antes de me arrancar do chão.
Te vi modelando a folha na mesa: Arranca, dobra, pensa, modela. Depois me entrega, com um sorriso meio estúpido, acompanhado de um óculos que te deixa ainda mais estúpido.
Aceito. Guardo. Me vejo nela e agora quem pensa sou eu:
Você me oferece flores, imaginando (erroneamente) que acredito em você.

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